Se usarmos o mundo real como parâmetro absoluto, as histórias de heróis meio que perdem a graça. Batman já teria sido preso ou morto, Homem-Aranha seria uma aberração, e sabe-se lá o impacto real de um Superman na nossa sociedade.
Por isso, algumas licenças são permitidas em nome da diversão e legal é a história que consegue superar essas incoerências da forma mais criativa possível.
Só que licença nenhuma consegue livrar a barra de Tony Stark. Apesar do carisma e boas intenções, se olharmos de fora, vamos ter que admitir que o Homem de Ferro é o maior vilão do Universo Cinematográfico da Marvel. Acompanha.
Antes de ser sequestrado e ter sua primeira crise de consciência, Tony Stark desenvolvia e fornecia armas indiscriminadamente. Ok. Até aí você pode dizer que seu sócio era o cara inescrupuloso da história, que depois Tony tentou compensar sendo um super-herói, etc… Beleza. Mas, se você se lembra do primeiro filme, sabe que nosso amigo aí não era bem um referencial de bondade e amor ao próximo. Antes de rever seus conceitos, Tony criou pelo menos metade de toda tecnologia bélica do Universo Cinematográfico da Marvel com total desinteresse à vida humana. Quantos conflitos foram forjados para aumentar sua margem de lucro? Quantas pessoas inocentes morreram graças às Indústrias Stark?
Os três vilões dos três filmes solos do Homem de Ferro foram colaboradores diretos ou indiretos da Família Stark, e se utilizaram da tecnologia criada por Tony e seu pai. Tony tem o hábito de criar seus vilões. Seu desinteresse pela vida humana fomentou o terreno por onde a maioria de seus adversários se ergueram. Essa é a sina do personagem. Mas, tudo bem. Aqui talvez valha o argumento de que “a culpa não é tão dele assim”. Não? Diga-me com quem andas, fera…
Falando em criar vilões: E o Ultron? Tony não só criou o Ultron. O cabra (com a ajuda de Banner) projetou, desenvolveu, possibilitou a existência do robô que não passa de uma extensão potencializada da personalidade ególatra de seu criador. Aí não dá pra te defender, Seu Stark. Prendam esse cara e joguem a chave fora! Pensa comigo. Ultron isolou e levitou uma cidade inteira, fora todas as tretas que se seguiram antes, durante e depois. Claro que o filme tenta poupar o expectador das mortes e jogar a sardinha para o lado dos heróis, mas tenta calcular os danos aí. E olha que nem estou levando em conta a batalha entre do Homem de Ferro e Hulk que devastou, sei lá, um bairro inteiro. Por onde Tony Stark anda, alguma coisa grande e com pessoas dentro explode.
Que Tony tenha boas intenções, não nego. Que ele é o herói que clama ser, não discuto. Mas contra fatos não há argumento. Seu método para “privatizar a paz mundial” atraiu mais morte e destruição do que qualquer organização terrorista, real ou fictícia. Um erro de cálculo desse cara e pessoas morrem. Se fosse pra valer, Tony teria que responder legalmente por suas ações. Estaria preso em uma penitenciária de segurança máxima e pagando bilhões em indenizações.
Mas, ei, o UCM não é o mundo real, graças a deus. E, incoerências à parte, continuo achando o Homem de Ferro o herói mais legal dos Vingadores. É por essas e outras que entendo seu posicionamento na Guerra Civil, sendo a favor dos registros. Afinal, todos merecem um mea culpa.
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