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  • Foto do escritorDennis Souza

Resenha: Game of Thrones s06e05 – “The Door”

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A estrada para o Inferno é pavimentada de boas intenções. Qualquer um que atravessou a adolescência e chegou à idade adulta já passou por um daqueles momentos em que, encarando uma situação inescapável, olha para trás e se indaga, confuso: “como eu me meti nessa?”. Normalmente, não é possível apontar um momento claro, a escolha fatal que desencadeou todo o resto. Somos náufragos carregados pela maré de eventos aleatórios da vida, a maioria deles completamente fora de nosso controle.

E há aquelas situações raras em que você sabe o exato momento em que abriu a  porta e convidou a tragédia para sua vida.

Os fãs de Game of Thrones sabem bem disso. Coalhada por acontecimentos trágicos, a série parece sentir prazer em mostrar as decisões erradas dos protagonistas (muitas vezes com motivações banais ou altruístas), enquanto a audiência incrédula tem vontade de gritar para a tela contra a estupidez dos personagens. Sabe aqueles filmes de terror, em que o espectador grita de em vão para a mocinha não abrir a porta?

Nesse episódio não só somos relembrados dessa importante lição, como descobrimos que algumas poucas escolhas erradas podem ter sido a origem de todo o drama que impulsiona esse épico fantástico.

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A maldição dos Stark

Os Starks, por exemplo, são pródigos em se colocar nessas situações fatais. Ao longo da série, podemos encontrar diversos momentos em que os bravos heróis do Norte se veem em maus lençóis por decisão própria. O momento em que Bran decide espionar a torre abandonada. Quando Ned dá uma chance para que Cersei deixe King´s Landing. O pedido de casamento do Rei Robb para Talisa. A lista é interminável. É como se o lema de sua casa, “O Inverno está Chegando”, fosse uma maldição que faz com que seus membros sempre cortejem a tragédia.

Nesse episódio, as duas filhas de Ned são colocadas perante dilemas cruciais. À Arya é dada novamente a chance de continuar sua jornada entre os Homens Sem Face, dessa vez assassinando uma atriz. Curiosamente, a encenação nos lembra que, ao seguir por essa porta, Arya terá de abdicar de vingar a morte de seu pai e restaurar o nome de sua família, enxovalhada em praça pública.

Para Sansa, é o momento de mostrar para Littlefinger as consequências de entregar sua protegida nas mãos de Ramsay Bolton. Em uma cena impactante, a jovem obriga-o a encarar os efeitos colaterais de seus atos. Se “o caos é uma escada”, como já disse Littlefinger, seus degraus são o sofrimento daqueles ao seu redor. Rejeitando a ajuda de seu antigo tutor, a jovem decide trilhar seu próprio caminho e fechar as portas para suas maquinações inconsequentes.

Mas os ardis de Littlefinger ainda conseguem passar pelas frestas: as primeira sementes de discórdia entre Sansa e Jon começam a transparecer, ainda que involuntariamente. A jovem decide guardar segredos mesmo de seus aliados mais próximos, perseguindo uma agenda própria, com a busca de Blackfish e o restante do exército de Riverrun, com consequências imprevisíveis para o futuro.

Será que dessa forma os jovens Stark conseguirão romper o ciclo de tragédias que ronda sua família? Pelo que vimos de Bran nesse episódio, não…

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O Grande Jogo

Em “The Door ,” somos lembrados que o caótico Jogo dos Tronos que todos acompanhamos em detalhes é uma disputa irrelevante ante o evento maior que se avizinha: a invasão dos Whitewalkers. É sintomático que nesse episódio dois dos maiores manipuladores (Varys e Littlefinger) são deixados sem palavras ante os acontecimentos: nenhum deles está realmente preparado para a Batalha Final profetizada pela sacerdotisa vermelha.

Como um truque de mágica, a história usa a luta pelo Trono de Ferro para desviar nossa atenção das peças que se posicionam para os lances finais do Grande Jogo: os Stark correm para unir o Norte e fazer frente aos inimigos sobrenaturais antes da inevitável queda da Muralha. Daenerys busca reunir seu exército, enquanto a frota dos Greyjoy navega ao seu encontro. Os Cavaleiros do Vale acampam em Monte Caitlin, último ponto de proteção antes das terras do sul.

E quem é esse temível inimigo? Descobrimos pela visão de Bran que ele é  fruto de uma escolha errada das Crianças da Noite, com consequências  apocalípticas.

Vale lembrar que G.R.R. Martin idealizou Westeros inspirado no Reino Unido. Assim como a ilha britânica, o reino fictício é fruto de sucessivas invasões estrangeiras, sendo os Targaryen apenas a última onda. Os Primeiros Homens (ancestrais dos nortenhos) foram os primeiros colonos e, seguindo a tradição da história humana, trataram de dizimar os povos nativos, as Crianças da Floresta.

Ante o genocídio iminente, as Crianças usaram seus poderes para criar os White Walkers como uma arma final, abrindo a porta de sua terra para a Longa Noite. Segundo as lendas, os nativos arrependidos se aliaram aos homens para exilar sua criação, levando à construção da Muralha e a formação da Patrulha da Noite.

Com o despertar do inimigo, resta aparentemente a Bran abrir as portas do passado distante e revelar os meios para impedir o apocalipse. Só que o jovem Stark é novamente vítima de sua insaciável curiosidade, e em um momento de fraqueza abre as portas de seu refúgio para o Night’s King e sua horda. Essa terrível escolha pode ter selado o destino de Westeros.

A não ser que alguém segure a porta.

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O Primeiro Soldado

Ok, eu sei que já  deveríamos estar acostumados com a morte de personagens queridos em Game of Thrones, mas confesso que o fim do bondoso Hodor doeu fundo. Passado o choque, no entanto, alguns podem ter ficados confusos quanto à revelação ao final do episódio.

Vai minha leitura: nem todo mundo sabe, mas G.R.R. Martin é originalmente um escritor de ficção científica. Sendo assim, é a partir desse gênero que podemos entender essa parte da história. O que presenciamos essa semana foi um caso clássico de paradoxo de viagem no tempo.

Bran só é capaz de dominar Hodor pelo lacônico gigante ser um parvo, não se sabendo se ele seria capaz de fazer o mesmo com uma pessoa normal. Preso em sua visão do passado de Winterfell, Bran usa o pacato (e funcional) Wyllas como ponto focal para buscar o auxílio de Hodor no presente. Só que a experiência é traumática demais para o jovem plebeu, que tem sua mente dilacerada pela última ordem que recebe antes de ser dilacerado pelos monstros. O círculo macabro se fecha.

Involuntariamente, Bran mutilou Wyllas e transformou o pobre Hodor no primeiro (e talvez mais fiel) soldado na Guerra Final contra os White Walkers. Condenando a reviver os horrores de sua própria morte durante toda sua vida adulta, Hodor mantém-se leal até o fim aos Stark, tornando-se mais uma vítima do rastro de dor que os Senhores do Norte deixam por onde passam.

E o episódio segura as pontas também?

Sim. acredito que seja o melhor episódio da temporada até agora, mas muito se deve aos seus apoteóticos 20 minutos finais. Sabendo do impacto que a morte de Hodor causaria entre os fãs, tenho a impressão que os roteiristas se sentiram à vontade para arrastar um pouco as demais tramas do episódio (podendo dar aquela sensação de que nada realmente acontece até voltarmos para Bran).

Outro aspecto positivo é o confronto entre Sansa e Littlefinger. É  interessante ver como os roteiristas aproveitaram um limão (o polêmico estupro de Sansa) para fazer uma limonada (uma cena sobre os traumas de violência sexual).

Não sabemos o quanto do roteiro é ideia original de Martin (incluindo o famigerado trocadilho), mas é muito interessante enxergamos esses elementos de sci-fi e terror numa história originalmente de fantasia. Apesar dessa desconstrução do gênero, é curioso notar como as diferentes tramas parecem rumar para uma clássica batalha final entre os heróis as forças do mal.

Nota: 8,5/10 Gigantes Bondosos

Resenha Feita por HQCafé

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