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  • Foto do escritorDennis Souza

Crítica | Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro”, um dos títulos mais conhecidos dentro do imaginário americano, uma série de contos de terror e lendas urbanas que se tornou leitura obrigatória nas escolas de ensino infantil dos Estados Unidos e marcou gerações desde a sua publicação em 1981, agora se torna um longa-metragem produzido por Guillermo del Toro, um dos nomes mais badalados de Hollywood na atualidade, e dirigido por André Øvredal, responsável pelo bom terror “A Autópsia”.

“Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” foca sua narrativa em grupo de adolescentes que vivem na cidade interiorana Mill Valey durante o ano de 1968. Juntos os amigos descobrem o diário de Sara Bellows, um terrível registro da vida tortuosa de uma garota que transformou suas vivências em uma série de contos de terror que, ao serem lidos pela primeira vez, acabam libertando o espírito da jovem, transformando todas as suas histórias em realidade.

A opção por adaptar as histórias de Alvin Schwartz parece ter sido um acerto, afinal, histórias de terror protagonizadas por jovens estão em alta. É evidente que “Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” tenta surfar na onda de sucessos como “Stranger Things” e “It: A Coisa”, e, não por acaso, o filme também retrata um período marcante da história recente, no caso, o final dos anos 60.

A escolha pelo período parece arriscada, afinal, a cultura pop ainda dava seus primeiros passos e não tinha grandes símbolos consolidados, por isso, a história do longa se limita a algumas poucas referências a filmes, como o icônico “A Noite dos Mortos-Vivos”. No entanto, a ausência de grandes menções não afeta em nada a produção de Guillermo del Toro. Pelo contrário, a ambientação e a qualidade de todos os aspectos que compõe o papel da produção, são suas grandes virtudes.

A representação do período é extremamente bem-feita. A atmosfera e todos os elementos visuais que remetem aos anos 60 estão em tela, e não só isso, o filme sabe localizar muito bem seu contexto histórico, dando indícios de grandes acontecimentos do período, como as vésperas da eleição de Richard Nixon para presidente dos EUA, a Guerra do Vietnã e o prenúncio irônico do Caso Watergate. Méritos ao departamento de arte que atendeu todas as necessidades de ambientação e design de produção do longa-metragem, além de construir monstros terrivelmente assustadores baseados nas ilustrações originais de Stephen Gammell.

Por outro lado, o roteiro não faz jus a qualidade da produção. A sinopse por si só já soa familiar e o filme realmente não apresenta nada além do proposto, apenas replica uma série de recursos narrativos utilizados incansavelmente em outros exemplos do gênero. Tudo que você já viu está lá, a mansão mal-assombrada de uma família antiga, os jumpscares previsíveis, jovens tentando convencer a polícia de que algo sobrenatural está acontecendo, um antagonista representado no arquétipo adolescente babaca, e por aí vai.

Mas nem tudo na história está perdido, a dinâmica entre os personagens é muito boa. Stella (Zoe Colleti), Auggie (Gabriel Rush) e Chuck (Austin Zajur) são os três amigos que todos gostariam de ter. A jovem Zoe Colleti, inclusive, faz um grande trabalho. A atriz sabe demonstrar emoções muito bem, tem um carisma capaz de provocar empatia no espectador e, sem dúvida, tem um grande potencial para uma carreira promissora.

Outro ponto em que o filme se destaca são as sequências em que os monstros estão presentes. O diretor André Øvredal demonstra saber muito bem como conduzir a tensão nos momentos mais dramáticos do filme, orquestrando harmoniosamente o trabalho dos atores com a câmera e com o cenário. A fotografia do longa também faz um trabalho coerente e bem polido, ajudando a elevar o nível estético da produção e potencializando as qualidades do filme.

Em suma, “Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” é um filme excepcionalmente bem produzido, mas que não se destaca por sua narrativa repleta de clichês e conveniências presentes no gênero de terror.  Há uma deixa no final do filme que abre a possibilidade para uma continuação da franquia, o que pode não ser uma má ideia tendo em vista o potencial do grupo de protagonistas. Mas é importante que se repense algumas escolhas narrativas se quiserem tornar “Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” um produto mais ambicioso.


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