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  • Foto do escritorDennis Souza

Crítica | Detroit em Rebelião

Kathryn Bigelow é uma diretora conhecida por fazer filmes com temáticas tipicamente masculinas, como Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura, e não seria diferente com seu novo filme, Detroit em Rebelião, que chega aos cinemas no dia 12 de Outubro.

O drama se passa em 1967 e tem foco nas rebeliões de negros que tomaram conta da cidade de Detroit naquela época, principalmente por conta do abuso e da violência que os policiais usavam. Como um bom filme baseado em uma história real, ele faz questão de introduzir o espectador na trama, sendo bastante fiel aos fatos das situações, mas a verdade é que a introdução do que acontecia em Detroit acaba durando muito tempo dentro do filme.

Seguindo uma escolha narrativa, praticamente o primeiro ato inteiro serve para nos localizar na história, entendendo o que realmente rolava nas regiões superpopuladas por negros, mas sem nenhum foco em personagens que são realmente importantes para a trama da história que Bigelow quer mesmo contar no filme.

E o resultado disso se apresenta no resto do filme de forma muito clara: Nós temos personagens extremamente rasos, com pouco tempo de tela e com motivações que não ficam muito claras. Talvez o único personagem que tenha sido realmente explorado seja o policial Krauss e muito disso se deve a incrível atuação de Will Poulter.

Em contrapartida, outros personagens com muito potencial como Dismukes, interpretado pelo John Boyega e que aparece em destaque nos trailers e posters do filme, acaba se tornando um personagem chato e que afinal, não mostra o que veio fazer no filme.

A trama esquenta quando chegamos ao ápice do filme: Uma batida policial em um hotel, em busca de um atirador em potencial. Ali vemos as cenas mais agoniantes e cruas de todo o filme, e assistimos ao desenrolar sentados na ponta de nossas cadeiras, sem a certeza de que algum daqueles personagens sairia vivo dali.

Feito de uma forma corajosa vemos a violência e injustiça policial de uma forma nunca mostrada, e nos sentimos frustrados por sabermos a verdade do que aconteceu ali e sabermos também que a verdade nunca prevaleceria numa situação como essa: a palavra de policiais brancos contra a de homens negros.

O ritmo do filme cai novamente durante o julgamento, que parece longo demais para apresentar um resultado que já era esperado, mas que traz consigo o reflexo da sociedade em que vivemos até hoje. Quantos jovens negros são assassinados pela cor de sua pele? E quantas vezes a verdade dessa brutalidade policial acaba sendo sufocada pelo medo de apontar um defeito dos homens brancos no poder?

Bigelow não tem medo de falar as verdades na cara de todos, mas sua narrativa se perde um pouco durante a contextualização de tudo que aconteceu. As duas horas e meia do filme poderiam ser facilmente enxugadas para que a história se focasse e conseguisse passar o seu recado de forma simples para todo o tipo de público que decidisse assistir ao filme.

Dentre os milhares de filmes esse ano, Detroit em Rebelião com certeza é um dos mais atuais, honestos e assustadores filmes e que possivelmente não será visto pela quantidade de pessoas que deveria vê-lo.


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