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  • Foto do escritorDennis Souza

Crítica | A Forma da Água

Há pouco mais de 2 anos, quando o diretor Guillermo del Toro lançou um de seus projetos mais pessoais e ousados, o romance gótico intitulado A Colina Escarlate, muitos esperavam que esse seria um dos projetos de maior destaque do diretor. Infelizmente o longa não teve o êxito esperado e não emplacou nas principais premiações do cinema.

Tempos depois, após o esforço de del Toro em seu novo projeto autoral, o plano parece que finalmente deu certo. A Forma da Água é a nova aposta do diretor para chegar ao topo do cinema mundial. Com ele, Guillermo já conquistou o prêmio de melhor diretor durante a cerimônia do Globo de Ouro 2018 e acaba de atingir incríveis 13 indicações ao Oscar 2018.

Os méritos pela conquista não são poucos. A Forma da Água é um dos filmes mais tocantes e puros dos últimos anos. O romance entre uma moça inocente e uma criatura bizarra pode não ser o enredo mais original já visto, mas sem dúvida a maestria e singeleza dada a direção de A Forma da Água através de Guillermo del Toro, traz valores raros e singulares ao longa.

Ao conduzir A Forma da Água, del Toro prova que não é só um diretor com muitos conceitos e concepções visuais, mas também um exímio diretor de atores. As atuações do longa são extremamente consistentes e exploram peculiaridades de cada personagem com perfeição. A personagem Elisa, interpretada por Sally Hawkins, carrega uma doçura com ares de inocência, algo semelhante ao visto em Amélie Poulain. Já Strickland, o vilão interpretado por Michael Shannon, é cheio de características excêntricas, sendo completamente sólido de sua maldade e motivação.

Também se destacam os renomados Richard Jenkins e Octavia Spencer, como personagens peculiares que trazem breves alívios cômicos e traçam um belo plano de fundo a narrativa. E, por fim, Doug Jones, interpretando a criatura, que há muito tempo vem se especializando em atuar com personagens humanoides que carregam quilos de maquiagem e que mais uma vez não decepciona em sua performance. Jones é expressivo e sabe se portar muito bem como uma criatura.

A direção de arte – como se espera em qualquer filme de del Toro – é um espetáculo à parte. O desing de produção de A Forma da Água é complexo, remete ao auge da Guerra Fria, e emula instalações militares com máquinas enormes, computadores primitivos – os jogadores de Fallout se familiarizarão com a estética do longa. Guillermo opta por uma paleta em tons de verde e esmeralda, e por vezes brinca com a escolha durante a própria narrativa. É um trabalho repleto de detalhes e que enriquecem cuidadosamente o visual do longa.

A direção de fotografia é outro ponto crucial em A Forma da Água que não optou pelo mais simples, e elevou muito o nível de complexidade do filme em termos de linguagem audiovisual. São sequências de planos-sequência. A câmera transita entre os personagens sem absolutamente nenhum corte, e isso exige cenas extremamente bem ensaiadas e cronometradas. A câmera está quase sempre em movimento, e abusa de travellings frontais que são pouco ocasionais.

Em questões conceituais, del Toro também não erra e preenche A Forma da Água com homenagens ao cinema clássico, ao sapateado e até a Carmen Miranda. A criatura também faz referência a monstros clássicos, como Frankenstein de Mary Shelley, em cenas que exploram o contato do personagem com a maldade e bondade do mundo humano, e ao ancestral Monstro da Lagoa Negra. São diversos os pontos que notamos as referências usadas pelo diretor na concepção do romance e de seus personagens.

Por fim, o que se pode dizer é que A Forma da Água é um filme apaixonante que explora a simplicidade das emoções e os valores que nos tornam humanos. Um romance improvável, em um cenário improvável, mas que nos tocam no ponto certo. Tecnicamente impecável e extremamente bem desenvolvido, a Forma da Água tem tudo para chegar em março e conquistar boa parte das estatuetas douradas do Oscar.


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