Uau, hein? Pensa numa perguntinha difícil de responder.
Em primeiro lugar, vamos resumir o que é um herói. E resumir MESMO, porque há muitas formas diferentes de entender este arquétipo. Quê? Não sabe o que é arquétipo? Relaxa. Supernormal. Clica aqui que o tio te explica.
Herói ou heroína é todo aquele ou aquela que busca em si o que é necessário para superar um grande problema, um grande mal. A tal Jornada do Herói que você provavelmente já ouviu falar, é mais ou menos isso: O caminho (jornada) entre o surgimento do mal (na forma de vilão, desafio, doença, o que for) e a descoberta da força interior para superá-lo. O Senhor dos Anéis é praticamente uma aula sobre isso.
Meio que não há como fugir dessa fórmula na hora de criar um herói na ficção. Pensa aí num filme. Matrix, Homem-Aranha, Mad Max, Batman Begins, Indiana Jones, X-Men, Harry Potter, Superman, Jogos Vorazes, Star Wars… A FORMA como a história é contada difere uma da outra, até mesmo a mensagem, mas o gráfico é sempre o mesmo:
O indivíduo comum que, diante de um grande desafio ou missão, é obrigado a procurar em si valores extraordinários (coragem, persistência) para supera-los.
E todos nós superamos grandes problemas durante a vida. É por isso que quase toda história de herói tem um pouco a ver com você.
No mundo dos super-heróis, a coisa fica mais fácil de entender. Você bate o olho e meio que intui quem é o herói, quem é o vilão, qual é o problema. Os conflitos exagerados, a postura inabalável, as cores e principalmente os poderes (que podemos interpretar como uma extensão das nossas próprias capacidades), funcionam exatamente como uma metáfora que dialoga com você sem qualquer esforço. Aliás, essa é a graça das histórias de super-heróis: A maneira simples como conceitos difíceis são explicados.
Pois bem. Toda arte, cada qual a sua maneira, é uma espécie de espelho que reflete a sociedade de sua época. E em se tratando de cultura popular (ou cultura de massa), que abrange quase o mundo todo, como as HQs e os filmes de heróis, esse espelho fica ainda maior.
Superman nasceu representando os ideais de verdade e justiça de seu tempo. Homem-Aranha trazia questões sobre poderes e responsabilidade.
E hoje? Como esses heróis estão se adaptando a um mundo cada vez mais dividido e confuso sobre o certo e o errado? Bem, a resposta pode estar nos dois maiores blockbusters do ano; Batman v Superman: A Origem da Justiça e Capitão América: Guerra Civil.
Em ambos, enxergamos conflitos parecidos: O heroísmo à moda antiga, que preza valores morais e éticos, se contraponto ao heroísmo atual, mais violento, errático, só que eficiente.
Agora, tente trazer isso para dentro do seu cotidiano. Nossa sociedade (e o mundo todo, de certa forma) experimenta uma profunda revisão de valores. A confusão política e econômica que vivemos é também reflexo de uma inquietação interna, tão individual quanto coletiva. Estamos divididos, agressivos e os heróis embarcaram na onda.
Vivemos em um mundo onde Superman quebra pescoços, Homem de Ferro cria vilões, os Vingadores não se entendem, enquanto anti-heróis psicopatas ganham cada vez mais destaque. Longe de fazer julgamentos aqui. Também curto o Justiceiro. Mas isso dá o que pensar, não dá?
Na década de 1980, enfrentávamos dilemas bastante parecidos e foi quando surgiram algumas das melhores histórias de heróis, como Cavaleiro das Trevas, Watchmen, Piada Mortal e mais uma lista.
É interessante ver como as crises impulsionam boas histórias de heróis. Afinal, é quando mais precisamos deles.