Dennis Souza

27 de mai de 20162 min

Piteco – Ingá: Um Fantástico Conto Pré-Histórico

Cada edição da MSP é uma surpresa. Cada nova história é evolução fantástica em enredo e narrativa. E Piteco – Ingá, do Shiko, não é exceção.

Shiko fez um trabalho fantástico. Conseguiu utilizar de maneira magnífica o personagem pré-histórico do Mauricio de Sousa, – Pithecanthropus Erectus da Silva, ou Piteco – e o inseriu em um êxodo pré-histórico com mitologia própria e do folclore brasileiro.

Os traços são bem detalhistas e o quadrinho traz uma explosão de cores. Só os desenhos e a cartela de tons já garantem um belo espetáculo. A história é curta, mas bem resolvida. Diverte e consegue segurar o leitor sem esforço.

Além da obra, o encadernado mostra alguns estudos dos personagens e até uma capa que foi rejeitada. Vale a pena dar uma checada e ver a evolução da Ogra, por exemplo, que teve muitos esboços até chegar ao resultado final.

Um dos pontos interessantes de Piteco – Ingá é a forte separação social entre as tribos. Cada uma com culturas e características específicas. Os Homens-Tigres, são caçadores; os Ur, moram em arvores e se alimentam de peixes e aves e os Lem, o povo do nosso protagonista, são agricultores e habitam em cavernas. Sendo assim, já representa uma boa parte da evolução da humanidade.

E como se não fosse suficiente, Shiko ainda aproveita a histórias dos primórdios do Brasil ao retratar a misteriosa Pedra do Ingá, na Paraíba, um dos mais antigos monumentos arqueológicos brasileiros, medindo cerca de 50 metros de comprimento por 3 metros de altura e repleto de entalhes rupestres, que sugerem a representação de animais, frutas, humanos e constelações.

Piteco – Ingá ainda conta com uma poderosa analogia ao tema da espera. A palavra é empregada em diversas passagens do quadrinho e nos fazem refletir sobre plantar, aguardar e colher.

E um grande destaque foi dado às mulheres na história, que são xamãs e guerreiras, capazes de lutar e promover mudanças. A história pode até ser de Piteco, mas é Thuga quem rouba a cena. Aliás, o fato da Thuga de Shiko pouco lembrar a Thuga do Mauricio, foi uma mudança muito bem-vinda. Das histórias que já li do selo até agora, esta foi a que atingiu um tom mais adulto e acaba sendo uma ótima indicação para leitores mais velhos.

Piteco – Ingá é uma daquelas histórias que dão a sensação de quero mais. Podia ter mais tempo de leitura. O que nos esta é esperar que na fase três da Graphic MSP, tenhamos uma segunda história com o personagem Piteco.

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